"A minha pátria é a língua portuguesa" - lá dizia o poeta. Para dominar várias línguas, temos de ter várias pátrias? O Inglês é a pátria universal da suposta aldeia global? Se desconstruir a minha língua sou um terrorista antipatriota? Questionar é sempre um bom modo de chegar a algum lado...


terça-feira, 11 de outubro de 2011

Homenagem à Pátria

É estonteante procurar dominar

uma Língua de tradição milenar

que tanto é concisa como matreira,

tanto é imprecisa como certeira.


É enervante tentar encontrar a palavra e a frase certas

em expressões sempre mutáveis e abertas

a novas formulações e novos significados:

tanto nos perdemos em nomes e adjectivos,

como em advérbios e predicados.


É avassalador ter um vislumbre

de quanto a nossa existência é moldada

em torno da língua materna.

Sempre que dela nos tentamos livrar,

damos um passo maior que a perna.


Nunca é irrelevante o papel da Língua:

cede-nos características e traços de personalidade próprios;

permite-nos exprimir originalidade individual e afecto colectivo;

dá-nos o sentir, a comunicação, o saber; a vibração, o ser;

envolve-nos numa cultura que é tanto berço como contexto

e destino, tanto é razão como imaginação,

tão realidade quanto sonho.




(a pedido de muitas [zero] famílias)

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